Notas iniciais de uma sinfonia
A inserção da extensão nos currículos do ensino superior brasileiro emerge como uma necessidade premente, em consonância com as políticas educacionais vigentes que buscam fortalecer a articulação entre a academia e a sociedade. Essa integração reconhece o papel fundamental da extensão universitária na formação integral dos estudantes e na promoção do desenvolvimento social. Longe de ser meramente uma atividade complementar, a extensão universitária configura-se como um profícuo território educativo, um espaço dinâmico de diálogo e troca de saberes entre o conhecimento acadêmico formal e as diversas formas de conhecimento presentes nas comunidades (Brasil, 2018). Neste capítulo, o neologismo extensionalizar, capturado de Imperatore et al. (2015), explora um gesto político e criativo para além da inserção de ações extensionistas na grade curricular. Assim, o termo extensionalizar é reconhecer a extensão como eixo central do processo formativo, capaz de reconfigurar o papel da universidade ao aproximá-la dos territórios de vida, das urgências sociais e dos saberes populares. Trata-se de transformar os currículos em instrumentos de escuta, criação e transformação coletiva, sintonizados com as realidades diversas e com as possibilidades de uma educação mais sensível, crítica e transformadora.
Nesse contexto, o projeto "Sinfonia na Cidade: cartografando o patrimônio imaterial do Paraná através da educação sonora" apresenta-se como um estudo de caso relevante para a análise da inserção da extensão nos currículos. A iniciativa emprega a educação sonora como uma abordagem interdisciplinar com o objetivo geral de promover o desenvolvimento sustentável e a valorização do patrimônio sonoro do Paraná, ampliando a compreensão e a valorização das narrativas, saberes e práticas culturais locais. A escolha da educação sonora se justifica por seu potencial de sensibilizar para as dimensões culturais, sociais e ambientais do som, contribuindo para a valorização do patrimônio cultural imaterial e para a conscientização sobre temas e dimensões da sustentabilidade ambiental. Integrado ao Programa de Extensão em Sustentabilidade Territorial – promovido pela Itaipu Binacional, Itaipu Parquetec e 16 Instituições de Ensino Superior - o projeto fortalece sua conexão com políticas de fomento regional, ampliando seu impacto na conscientização e preservação do patrimônio sonoro local. Dessa forma, busca promover o desenvolvimento sustentável e valorizar o patrimônio sonoro.
O objetivo deste capítulo é, portanto, discutir a experiência do projeto "Sinfonia na Cidade" na integração da extensão nos currículos de diferentes cursos - especificamente Arquitetura e Urbanismo, Agronomia, Ciências Biológicas e Interdisciplinar em Ciências Humanas - através da educação sonora. Analisaremos os desafios enfrentados, as estratégias implementadas e os resultados alcançados nessa integração para a formação dos estudantes, bem como para o fortalecimento do engajamento entre a universidade e a comunidade regional.
Cartografias da escuta afetiva
O percurso metodológico inicia-se a partir de uma compreensão da extensão universitária como um componente essencial da formação de nível superior e um território educativo potente que promove a aproximação entre a universidade e a comunidade. Essa interação transcende a visão da extensão como uma atividade complementar, consolidando-a como um espaço de integração de saberes acadêmicos e comunitários, com o potencial de auxiliar no desenvolvimento regional e contribuir para a formação integral dos estudantes. A extensão, nessa perspectiva, permite conhecer de forma mais próxima os problemas sociais, possibilitando que a universidade contribua para a formulação de políticas públicas participativas e emancipatórias. A troca de saberes entre universidade e sociedade reforça o conceito de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, evidenciando que o conhecimento é fruto desse tripé.
Em seguida, a interdisciplinaridade como uma abordagem pedagógica fundamenta a integração de diferentes áreas do conhecimento, enriquecendo a compreensão de fenômenos complexos (Costa et al., 2011). Superar a fragmentação de ações e saberes é essencial para concretizar um currículo que integre ensino, pesquisa e extensão (Forproex, 2006). Dessa forma, o projeto "Sinfonia na Cidade" se configura como uma iniciativa de perfil interdisciplinar, evidenciado pela integração de diversas áreas do conhecimento e pela articulação entre ensino, pesquisa, extensão e cultura.
Nesse contexto, a educação sonora é apresentada como um campo interdisciplinar que explora o som em suas dimensões culturais, sociais, ambientais e pedagógicas. O projeto utiliza essa abordagem para promover o desenvolvimento sustentável e a valorização do patrimônio sonoro, reconhecendo seu potencial em sensibilizar para as múltiplas dimensões do som e contribuir com a conscientização ambiental e cultural. Nesse sentido, a proposta se alinha à perspectiva de Schafer (2011), para quem o cultivo de uma escuta sensível, um “ouvido pensante”, é fundamental para compreender os ambientes sonoros e suas implicações na vida social e cultural das comunidades.
O referencial teórico sobre paisagem sonora se mostra central para o projeto. A paisagem sonora denota o ambiente acústico como percebido e entendido por pessoas em um contexto (ISO, 2014). Ela é formada dentro de um contexto marcado por todos os estímulos sensoriais, pelo conhecimento acumulado e pelo significado cultural atribuído ao espaço. A paisagem sonora é fundamental para a identidade cultural e a memória social das comunidades. O projeto busca preservar paisagens sonoras cotidianas e construir a memória social das comunidades a partir de intervenções de educação sonora inspiradas por Schafer (2009).
Ademais, o projeto dialoga com as epistemologias do Sul de Santos (2014) e mais recentemente de Latour (2020) e Krenak (2020), numa perspectiva que valoriza saberes plurais e o diálogo intercultural nas práticas de ensino-aprendizagem. Reconhecendo as múltiplas formas de conhecimento produzidas por diferentes povos, territórios e culturas, a proposta busca uma pedagogia intercultural que rompe com o etnocentrismo e valoriza o reconhecimento do "outro". Assim, os princípios norteadores do projeto incluem a pedagogia intercultural (Saberiego, 2002), com ênfase na formação cidadã, considerando o sujeito histórico, social e cultural capaz de dialogar, pensar e construir seus territórios. Soma-se a isso a concepção da cidade como território educativo, onde as práticas pedagógicas transcendem os muros escolares e exploram o espaço urbano como um ambiente de aprendizagem. Os arranjos culturais, definidos por Singer (2011) como projetos participativos de atores e espaços culturais locais, materializam essa concepção, criando oportunidades criativas de aprendizagem em patrimônio imaterial sonoro através da arte sonora. A articulação com as escolas também destaca a importância da educação escolar como mediadora na construção da cidade criativa.
Nesse horizonte, o projeto inspira-se na cartografia como método de pesquisa e intervenção, tal como proposto por Passos e Kastrup (2009). Em vez de representar territórios como estruturas fixas e pré-definidas, propõe-se uma escuta afetiva, capaz de mapear sonoridades, afetos e memórias produzidas nas relações entre universidade e comunidade. A escuta, nesse sentido, torna-se uma prática cartográfica que produz conhecimento não apenas sobre os territórios, mas com eles, compondo paisagens sonoras dinâmicas, em constante transformação.
Sinfonias, saberes populares e territórios em diálogo
O projeto "Sinfonia na Cidade" materializa sua abordagem interdisciplinar a partir de uma campanha de educação sonora com cinco intervenções cada uma conectada a uma data comemorativa internacional específica. O objetivo central dessas "sinfonias" é promover um diálogo entre o patrimônio imaterial do Paraná e temas de relevância global, utilizando a educação sonora como elo essencial. Ao fazer isso, buscamos ampliar a compreensão e valorização das narrativas, saberes e práticas culturais locais, enquanto chamamos atenção para questões cruciais de sustentabilidade.
A primeira intervenção, planejada para o Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído, visa sensibilizar o público sobre a importância de combater a poluição sonora para preservar o patrimônio sonoro do Paraná. A ação, chamada "Baile Ruidoso" (Sinfonia no Paraná, 2025), inspirada no Fandango Caiçara (Iphan, 2012), promove uma escuta ativa das paisagens sonoras do estado, ressignificando os ruídos cotidianos dos passos e fortalecendo os vínculos culturais.
O Dia Internacional do Silêncio dedica-se à saúde mental e ao bem-estar. Assim, a intervenção "Jardim de Silêncios" (Sinfonia no Paraná, 2025) explora a riqueza sonora do Parque Nacional do Iguaçu (Unesco, 1986) e promove a conscientização sobre os benefícios do silêncio das águas. Ao dialogar com as comunidades ao redor das Cataratas do Iguaçu, essa ação também reflete a importância de preservar os ambientes naturais e promover a escuta ecológica, conectando as populações indígenas e ribeirinhas à construção do patrimônio sonoro local.
No Dia Internacional da Biodiversidade, a terceira intervenção, "Cantos do Peabiru" (Sinfonia no Paraná, 2025), busca conscientizar sobre a importância da biodiversidade e sua relação com as mudanças climáticas. A ação conecta o patrimônio sonoro do Paraná aos desafios ambientais globais, por meio da referência aos Caminhos do Peabiru (Paraná, 2022 a), uma rota indígena ancestral que atravessa o estado. Esta intervenção envolve as comunidades originárias e agricultores familiares, incentivando práticas agroecológicas e o turismo de base comunitária como formas de preservar a biodiversidade sonora.
A quarta intervenção, no Dia Internacional da Escuta, promove a paz e a justiça ao enfatizar a escuta inclusiva. "Escutas da Terra" (Sinfonia no Paraná, 2025), inspirada nas práticas de Saúde Popular (Paraná, 2018), especialmente entre mulheres guardiãs do saber tradicional, utiliza a oralidade, a fé e a ancestralidade para criar um espaço de acolhimento e resistência. A atividade busca fortalecer a participação comunitária nas decisões sobre políticas públicas ambientais e valorizar os conhecimentos locais.
No Dia do Patrimônio, a intervenção foca na proteção e salvaguarda do patrimônio musical do Paraná. A intervenção "Gambiarra Sonora" (Sinfonia no Paraná, 2025), inspirada na música "Bicho do Paraná" (Paraná, 2022 b), ressignifica a memória afetiva da música popular paranaense, promovendo uma visão crítica da identidade cultural urbana e rural. Ao utilizar materiais recicláveis para criar esculturas sonoras, essa ação articula arte, sustentabilidade e memória coletiva, conectando o público à história e à luta das comunidades urbanas e rurais do estado.
Cada uma dessas intervenções é desenvolvida por meio de métodos de pesquisa baseada em arte na perspectiva de Diederichesen (2019) e se concentra em arranjos culturais como espaços coletivos de educação sonora e intervenção artística. A ação busca promover a escuta coletiva e o protagonismo comunitário. Os resultados de cada intervenção serão sistematizados em materiais didáticos específicos, contribuindo para a inserção da extensão nos currículos e a disseminação do conhecimento gerado. Em suma, as intervenções sonoras do projeto "Sinfonia na Cidade" buscam fortalecer os vínculos comunitários, fomentar o pertencimento e promover a justiça ambiental, cultural e social, utilizando o patrimônio imaterial sonoro (Unesco, 2017) como fio condutor para abordar temas contemporâneos e promover a conscientização, a valorização cultural e o desenvolvimento sustentável.
Ecos da escuta: sons, afetos e transformações
A implementação da abordagem integrada do projeto Sinfonia na Cidade revelou avanços significativos em diversas frentes: na formação dos estudantes, no engajamento com a comunidade regional, na promoção da conscientização sobre sustentabilidade e patrimônio cultural, na geração de impactos concretos e na articulação com políticas públicas. Ao mesmo tempo, evidenciou-se uma transformação sensível nos comportamentos e percepções dos participantes.
No campo formativo, o projeto fomentou o desenvolvimento de habilidades técnicas, criativas e socioafetivas. A participação nas etapas de cartografia sonora aprofundou o vínculo dos bolsistas com os saberes comunitários, ampliando sua atuação como “pesquisadores-escutadores”. Por meio da pesquisa-ação, os estudantes se engajaram em processos criativos e investigativos, construindo conhecimento coletivo e exercitando competências voltadas para contextos colaborativos e dinâmicos. A integração entre arte, pesquisa e educação gerou estratégias pedagógicas inovadoras, baseadas em práticas inclusivas e interdisciplinares. O diálogo com comunidades, artistas e educadores também expandiu suas redes de colaboração, abrindo caminhos para futuras parcerias e trocas de saberes.
O envolvimento da comunidade regional destacou-se como um dos resultados mais expressivos do projeto. A metodologia da pesquisa-ação favoreceu uma escuta ativa e uma troca horizontal entre universidade e comunidade, valorizando os saberes locais e as experiências vividas. As intervenções sonoras foram concebidas para um diálogo intergeracional, gerando experiências significativas e participativas. Até o momento, estima-se o envolvimento direto de cerca de 100 pessoas, com alcance ampliado por meio das redes sociais e do site do projeto.
A potência interdisciplinar do projeto evidenciou-se como ferramenta para ampliar a consciência sobre sustentabilidade ambiental e valorização do patrimônio cultural. A educação sonora foi mobilizada como linguagem para explorar o patrimônio imaterial e as narrativas culturais do Paraná. As ações se alinharam aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS da Agenda 2030 da ONU (2015), abordando temas como saúde e bem-estar (ODS 3), educação de qualidade (ODS 4), cidades sustentáveis (ODS 11), mudanças climáticas (ODS 13) e paz e justiça (ODS 16).
A articulação entre diferentes áreas do conhecimento, proposta pelo Sinfonia na Cidade, revelou-se fértil para inspirar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Ao se vincular aos ODS da ONU (2015) o projeto oferece subsídios para políticas intersetoriais que conectem cultura, conhecimento e cuidado com os territórios. A valorização do patrimônio imaterial e a escuta qualificada dos territórios sonoros emergem como caminhos para ações de planejamento urbano mais sensíveis e inclusivas. As atividades também dialogam com políticas brasileiras, como as legislações estaduais e federais de reconhecimento do patrimônio imaterial.
Entre os impactos concretos, destacam-se a produção de kits educativos sobre as temáticas da campanha de educação sonora - ruído, silêncio, biodiversidade, escuta e patrimônio - com produção de vídeos, folders, encartes e murais virtuais de compartilhamento de atividades (Sinfonia no Paraná, 2025). A cartografia sonora, eixo metodológico do projeto, permitiu construir mapas afetivos e políticos dos territórios, guiados pela escuta e pelo registro sensível dos sons. As intervenções sonoras, ao ressignificar os sons do cotidiano e estreitar vínculos culturais, exemplificam a força simbólica e prática das ações realizadas.
Foram observadas transformações comportamentais tanto entre os estudantes quanto nas comunidades envolvidas. Os bolsistas ganharam autonomia e tornaram-se multiplicadores de práticas de escuta e sensibilização sonora, com mudanças visíveis em suas trajetórias pessoais e profissionais. Entre os participantes da comunidade, as intervenções sonoras despertaram uma escuta mais atenta, crítica e afetiva do cotidiano. Esses aprendizados, sistematizados em kits educativos, visam ampliar o alcance das ações e assegurar sua continuidade. A implementação de uma abordagem integrada que articula extensão e educação sonora como práticas interdisciplinares, sensíveis e territoriais enfrenta inúmeros desafios. Para enfrentá-los, o projeto aposta na escuta ativa, na construção coletiva e na valorização dos saberes populares, dos territórios e de suas sonoridades
Por uma universidade que escuta, cria e trans[forma]
A experiência de integrar a extensão no currículo por meio da educação sonora no projeto Sinfonia na Cidade proporcionou aprendizados significativos. Um dos principais foi a percepção de como a subvalorização da dimensão sonora no patrimônio imaterial pode ser endereçada por meio de práticas pedagógicas inovadoras. O projeto demonstrou que a educação sonora se apresenta como uma estratégia eficaz para a preservação da cultura imaterial, favorecendo a resiliência das comunidades frente à homogeneização cultural. A construção de vínculos com o território paranaense, mediada pelos bolsistas e e parceiros do projeto, ensinou a importância de formas criativas de comunicação e articulação, fortalecendo modos de fazer colaborativos baseados na horizontalidade e na escuta ativa.
A transformação dos bolsistas em pesquisadores-escutadores autônomos, capazes de criar, propor e conduzir atividades, revelou o potencial da inserção da extensão nos currículos como uma experiência de aprendizagem interdisciplinar e com protagonismo estudantil. A ausência de inventários estaduais do patrimônio imaterial do Paraná demonstrou que a escuta expandida, atenta a conversas informais e afetos, pode abrir caminhos de pesquisa mais orgânicos e acessar saberes não oficiais. Uma lição crucial foi a compreensão da escuta como um gesto ético e político, que demanda tempo, cuidado e sensibilidade para se conectar com vozes, silêncios, memórias e territórios de vida. A colaboração com práticas comunitárias e saberes populares reforçou que trabalhar com escuta é também trabalhar com cuidado pelos territórios e pelas vozes invisibilizadas.
O projeto Sinfonia na Cidade reafirma o notável potencial da educação sonora como uma ferramenta pedagógica inovadora para a interdisciplinaridade e o engajamento comunitário. Ao utilizar a paisagem sonora como um eixo de investigação e intervenção, o projeto transcende as abordagens tradicionais, promovendo uma conexão sensível e significativa com o patrimônio cultural e ambiental. A metodologia da cartografia sonora, como um modo expandido de pesquisa, construiu mapas sensíveis, afetivos e políticos dos territórios por meio da escuta e do registro sonoro. As intervenções sonoras demonstraram a capacidade de ressignificar ruídos cotidianos, fortalecer vínculos culturais e promover uma escuta mais sensível e crítica. A articulação da educação sonora com diversas áreas do conhecimento, como arquitetura, agronomia e biologia, evidencia seu caráter interdisciplinar e sua capacidade de enriquecer a formação acadêmica e fortalecer os laços com a comunidade. A promoção de "arranjos culturais" em espaços públicos e escolares demonstra o poder da arte sonora para criar oportunidades criativas de aprendizagem e despertar a consciência para as questões patrimoniais e ambientais.
Para futuras pesquisas e práticas, sugere-se a exploração aprofundada do impacto da inserção da extensão em diferentes cursos e níveis de ensino, investigando metodologias que integrem de forma mais efetiva a educação sonora nos planos pedagógicos. É relevante o desenvolvimento de estudos comparativos entre diferentes contextos educacionais e territoriais, analisando como a educação sonora pode ser adaptada e potencializada em cada realidade. A criação e avaliação de diferentes formatos de arranjos culturais e intervenções sonoras, com foco em temáticas específicas como sustentabilidade ambiental, saúde mental e inclusão social, pode gerar conhecimentos valiosos para a área. A investigação sobre o uso de tecnologias digitais e plataformas online para a disseminação de materiais didáticos e a promoção do engajamento comunitário em projetos de educação sonora também se mostra promissora. Além disso, pesquisas que explorem a relação entre a educação sonora e o desenvolvimento de competências como o pensamento crítico, a criatividade e a empatia em estudantes de diferentes faixas etárias podem enriquecer o campo teórico e prático.
As considerações sobre a relevância da articulação entre universidade e sociedade para a construção de um futuro mais sustentável e culturalmente rico são centrais para o projeto Sinfonia na Cidade. A metodologia de pesquisa-ação, que coloca a comunidade como parceira ativa no processo investigativo, demonstra a importância da troca de saberes e da construção conjunta de conhecimento. O engajamento com políticas públicas nas áreas de desenvolvimento sustentável, patrimônio cultural imaterial e educação evidencia o potencial da extensão universitária para contribuir com a formulação de ações que promovam a justiça social, cultural e ambiental. A valorização do patrimônio sonoro como parte integrante do patrimônio imaterial e sua conexão com os ODS reforçam a importância de uma abordagem interdisciplinar e colaborativa para enfrentar os desafios contemporâneos. A continuidade e o fortalecimento dessa articulação são fundamentais para que a universidade cumpra seu papel de transformar a sociedade, promovendo a valorização da diversidade cultural, a sustentabilidade dos territórios e a construção de um futuro mais equitativo e rico em experiências culturais significativas. Assim, seguimos em ressonância com uma universidade que escuta com afeto, cria em diálogo com saberes populares e transforma territórios de vida. Escutar é reexistir.
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